No aniversário da Cidade de São Paulo do ano de 1934, o interventor Armando de Salles Oliveira assinou o decreto-lei de criação da Universidade de São Paulo. A ideia da criação ganhou força depois da derrota do Estado na Revolução de 1932. Empresários e grupos da elite paulista sentiram a necessidade de formação especializada para contribuir com o governo. A ideia era retomar a influência do estado no Brasil por meio da tecnologia e educação.
Os criadores da USP vislumbraram que melhorias ao país poderiam surgir com a aquisição de conhecimento crítico e científico de ponta com a formação da USP. Mas provavelmente eles nunca imaginaram a extensão dessas melhorias. Oitenta e sete anos depois, a formação científica de excelência proporcionada pela USP, reconhecida internacionalmente, possibilitou o grande marco na história da ciência nacional: a produção da vacina contra a Covid-19.
CoronaVac
A parceria entre o Instituto Butantan, entidade vinculada à USP, e a empresa chinesa Sinovac prevê que a produção da vacina seja feita no Brasil. Então, é correto afirmar: a vacina é brasileira. Segundo o Instituto Butantan, “o desenvolvimento da Coronavac é do Butantan, utilizando matéria-prima chinesa”. Também foram de responsabilidade do instituto os estudos clínicos para aplicação da vacina no Brasil.
Minutos após ser aprovada pela Anvisa, a histórica primeira dose da vacina dada em solo brasileiro ocorreu no Hospital das Clínicas – órgão também vinculado à USP, no último domingo (17/1).
Na primeira fase, já estão sendo vacinados profissionais da saúde e grupos indígenas e quilombolas.
A distribuição das vacinas e início da vacinação nos demais estados começou um dia após a primeira dose no Estado de São Paulo. Os primeiros lotes foram embarcados no aeroporto de Cumbica e seguiram para os estados em aviões da Força Aérea Brasileira. Depois de São Paulo, iniciaram a campanha de vacinação os estados de Goiás, Piauí e Santa Catarina na última segunda-feira (18/1).
A Coronavac é 100% eficaz nos casos graves da doença.
Vacina Já
No mesmo dia do início da campanha de vacinação em São Paulo (17/1), o Governo do Estado lançou a plataforma Vacina Já.
Pelo site: www.vacinaja.sp.gov.br, as pessoas aptas a receberem a vacina podem fazer um pré-cadastro. O pré-cadastro não é obrigatório, nem é um pré-agendamento. A ideia do governo é evitar aglomerações na hora de receber a vacina.
No site também é possível localizar o posto de vacinação mais próximo.
A estimativa do governo é vacinar 20% da população do estado até o fim de março.
USP
Segundo o ranking internacional QS World University Ranking, a USP ocupa o 115° lugar entre as melhores universidades do mundo. Mais de mil universidades são avaliadas.
A USP foi criada por decreto-lei de autoria do interventor do Estado de São Paulo Armando de Salles Oliveira. Eram membros da comissão que elaborou o documento professores do Instituto de Educação, Escola Politécnica, Faculdade de Medicina, Faculdade de Direito, Instituto Biológico. O decreto-lei foi publicado no dia do aniversário da cidade.
Butantan
Referência internacional na produção de soros e vacinas, o Instituto Butantan foi criado para ajudar a conter um surto de peste bubônica. Em 1899, o Governo do Estado de São Paulo criou um laboratório, vinculado ao atual Instituto Adolfo Lutz, responsável pela produção de vacina e de soro contra a peste bubônica. Dois anos depois, o governo oficializou a criação do Instituto Serumtherápico, atual Butantan.
Além da produção de soro para animais peçonhentos pela qual é famoso, o Butantan é responsável pela fabricação de 93% das vacinas e soros produzidos no Brasil.
Há dez anos, o primeiro lote de vacinas contra gripe inteiramente produzido no país foi conquista do Butantan.
O preparo do Butantan para atuar contra epidemias não é de hoje. Em 2006, muitos especialistas alertavam para a possibilidade de uma pandemia de gripe suína. Naquele ano, o Butantan produziu milhares de doses de vacina contra a gripe suína, e estava preparado para ser um centro de distribuição da vacina no hemisfério sul, pois os outros distribuidores se localizavam no hemisfério norte.
Essa experiência foi usada na pandemia do coronavírus. O instituto, que já tinha o planejamento para o combate a pandemias, montou um comitê de gerenciamento de crise e realizou a parceria com o laboratório chinês Sinovac para a produção da vacina contra o coronavírus.
O Butantan passou a ser vinculado à USP em 2009. A parceria entre as instituições é antiga, com pesquisas conjuntas e cursos inter unidades de pós-graduação. Boa parte dos profissionais que atuam no Instituto são formados na USP.
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