ARTIGO: MUDAR OU MUDAR. EIS A ESCOLHA

*Sebastião Misiara

Lulu Santos, em uma de suas mais profundas poesias musicais disse que “Tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo. Tudo muda o tempo todo, no mundo”.

Terminamos de assistir, surpresos e nunca indiferentes, a mais diferente eleição dos últimos tempos.

Episódios de idolatria já vimos. Na redemocratização, com a eleição de Tancredo Neves. Na eleição de Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva. Mas nada com essa proporção que, certamente, tem tirado o sono do Capitão Bolsonaro, em meio à responsabilidade da esperança brasileira.

Tudo o que aprendemos em eleições cai por terra. A sobrevivência está em se reciclar, ver o alerta musical que convoca para enfrentar a mudança. E, humildemente, fazer a leitura do alerta das urnas.

O filósofo grego Heráclito (500 a.C), cognominado “O Obscuro” notou que não existe nada permanente, a não ser a mudança, e, principalmente, na última década, parece que o sistema político não se está percebendo isso.

Spencer Johson, autor do livro “Quem mexeu no meu queijo” expõe a necessidade da mudança com humor representado por dois personagens humanos e dois ratos.

O vereador, principal agente político do espírito municipalista, iniciador de todas as carreiras que podem ser bem sucedidas na política, deve receber o mosaico dessa eleição como uma tela para constante observação.

Então se eu puder dar uma sugestão, darei, com base na sabedoria chinesa: “Se alguém não iniciar com atitude correta, como exige esse aviso soberano do povo, há pouca esperança de atingir um final feliz e correto”.

Resta-nos, finalmente, a esperança de que o presidente eleito, segundo as pesquisas, Jair Bolsonaro relembre duas figuras históricas: o presidente George Bush em seu discurso de posse: “Escolho como guia as palavras de um santo: nas coisas cruciais, unidade. Nas coisas importantes, diversidade. Em todas as coisas generosidade”.

E a outra histórica refere-se ao Rei Salomão que clamou: “Senhor, dai-me sabedoria para conduzir meu povo”. Dessa forma o Capitão Bolsonaro pode dormir tranquilo.

Sebastião Misiara é presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo

Artigo – DEFENDENDO A BANDEIRA DO MUNICIPALISMO

*Por Sebastião Misiara

A Uvesp e o Jornal do Interior têm insistido na importante missão do Vereador, suas funções e seu poder de fiscalização das ações da administração pública.

Nessa eleição, polarizada, vale lembrar as lições da pensadora alemã Hannah Arendt (1906-1975) segundo a qual só é possível construir alguma coisa no mundo por meio da ação em conjunto, depois de alcançado o consenso entre os cidadãos num ambiente de total liberdade de informação.

O debate dessa campanha pode ser considerado anômalo, diferente de tudo o que ocorreu até hoje. Ataques, sim. Propostas, não. Como ficam as reformas? . Sabemos que o Estado precisa diminuir de tamanho, pois as finanças públicas são insustentáveis. Como fica a produtividade dos fatores? Como ficam os serviços públicos, como saúde, segurança, educação, que estão em estado deplorável? Como fica a dívida pública que está em 88% do PIB com tendência para chegar a 100%. Como fica a livre concorrência? O mercado poderá agir livremente?

Certamente, a pergunta é. “O que tem o vereador com isso?”. O vereador é o líder original de onde surge o sinal para outros papéis e mandatos. Como nasce o vereador? O primeiro sinal é sua vocação comunitária, onde ele já mostra a veia municipalista e solidária.

O vereador é essa semente da renovação. Vereador vem de “vereda”, caminho do homem que se consagra à sua terra, com dedicação e afinco. Vem também de “Edil”, antigo magistrado romano que cuidava da conservação e proteção dos edifícios públicos da cidade de Roma.

Como celeiro da boa política, da politica que se dedica à vida real e cotidiana dos cidadãos, o vereador precisa cada vez mais buscar capacitação, reciclar, informar-se de novos modelos de desenvolvimento sócio-econômico.

Essa é a missão que a Uvesp tem. Ser interlocutor de quem sabe com o Vereador, para que ele aprenda a arte do diálogo, o respeito ao contraditório, mas, acima de tudo, lapidar-se para ser um dia – quem sabe – Presidente da República.

À sociedade, surpresa com a falta de debates claros nessa eleição em todos os níveis, cabe a responsabilidade de acompanhar o feito do seu Vereador, em sua cidade, respeitando o seu mandato, estimulando-o ao estudo e à dedicação do exercício do servir.

Só dessa forma conseguiremos conciliar o desiderato da representação democrática com a eficiência dos eleitos. E as campanhas eleitorais deixarão de ser apenas luta pelo poder.

*Sebastião Misiara
Presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo
Vice presidente do Fórum Nacional de Entidades Legislativas

Artigo – QUEM LEVOU A FACADA?

*Sebastião Misiara

Na viagem pela vida, o caminhar sobe lentamente no decorrer dos anos e são muitos os que se atolam nos lamaçais, os que caem nos precipícios, ou se deitam na relva à beira do regato durante a jornada.

Entre esses, encontram-se aqueles para quem a existência tem como finalidade apenas o SERVIR. Encontram-se aqueles que têm o ideal do poeta, o ideal do sábio e do religioso, o ideal daqueles que se sacrificam para ajudar os outros, cujos esforços tendem para a verdade.

Assim, vejo Geraldo Alckmin, com todas essas virtudes que só os cegos não enxergam só os desejos obscuros não percebem. Os que “enxergam”, ouvirão vozes que falarão das grandes epopeias, lutas, grandes feitos de coragem, de força de vontade, de tenacidade e espirito de luta.

Falarão, também, essas mesmas vozes, das lágrimas silenciosas, de sofrimentos não esquecidos, de horas tristes e monótonas, de um homem que se dedicou a todos, mesmo depois da perda do seu filho, encontrando a Paz no sorriso dos que precisam.

Geraldo Alckmin é herdeiro de todos os conhecimentos acumulados no passado. De seu pai, que lhe ensinou uma vida simples e honrada. De Mário Covas que lhe ensinou o respeito pela coisa pública.

O Brasil perde a oportunidade de tê-lo para unir a Nação. Sei que, na grandeza de suas ações, Geraldo Alckmin torcerá para que o escolhido faça o povo voltar a sonhar ao expulsar o que corroeram os cofres públicos.

Inúmeras vezes traído, com mais vigor, nessa eleição. Políticos que se serviram do poder, tentando mais uma vez derrubá-lo. Os ditos intelectuais do seu partido nunca aceitaram o homem simples que chegou para servir sua gente.

Às facadas que vieram ao longo da campanha, ele não deu o prazer do gemido. Continuou sua caminhada, sempre com sua esposa ao lado. O desconforto da dor, não o abalou, serviu para a exaltação de si mesmo, reforçando o alicerce de sua personalidade.

Perdeu o povo brasileiro. O paulista deixou de reconhecer o homem que colocou o Estado nos trilhos e caminhou apesar da crise, porque, com medo, tirou seus votos, para derrubar, na tentativa da antecipação, o símbolo da corrupção.

Geraldo Alckmin, como todos os que lutaram por uma grande verdade ou por uma grande doutrina, teve que lutar ainda contra a calúnia e a traição.

Sócrates, com a idade de 72 anos, foi condenado em Atenas a beber cicuta, porque sua doutrina era contrária ao espírito do partido do seu século. Galileu, denunciado pelas idéias que professava sobre o movimento da terra, foi hostilizado. Kepler foi marcado com o estigma da heresia. Newton foi acusado de destronizar a divindade, com a descoberta da lei da gravitação.

Quase todos os grandes inventos, as grandes descobertas no qual aprendemos a conhecer melhor o céu, a terra e nós mesmos, foram feitos pela energia, pela coragem, pelo sacrifício, pela abnegação dos grandes homens, os quais, apesar das oposições e dos ultrajes dos seus contemporâneos, não desanimaram na conquista dos seus ideais.

Sebastião Misiara
Presidente da UVESP