Prédio sede do CREA-SP - credito Sergio Brisola

Uma mulher passa a dirigir o maior Conselho de Engenharia do país

CREA – SP tem pela primeira vez uma presidente

 

O CREA – SP tem pela primeira vez uma presidente em todos os estados brasileiros, tem como principal função fiscalizar o exercício das profissões regulamentadas e garantir que os profissionais da área da engenharia atuem com ética e responsabilidade.

Pela primeira vez uma mulher assume uma presidência do órgão, tendo a Engenheira Lígia Mackey, a frente do CREA-SP.

O Jornal do Interior conversou com a Engenheira para saber sobre desafios e posicionamentos.

JI – Qual o maior desafio em ser a primeira presidente do Crea-SP, por ser mulher?

Lígia Mackey – Ser a primeira mulher presidente de um Conselho com 90 anos de história me traz o desafio de assumir a liderança por outras mulheres. Isso com o objetivo de diminuir os obstáculos para que mais delas ingressem nas profissões da área tecnológica e para que nosso Sistema seja mais diverso e equitativo. Além do mais, estar à frente do maior conselho profissional da América Latina, por si só, não é um desafio pequeno: estamos falando de um universo de 350 mil profissionais e 95 mil empresas.

Mas eu adoro desafios. Eles me movem! Se eu entro em um, eu entro para fazer a diferença. Depois de 30 anos de carreira, entre a construção civil, o associativismo e o Sistema Confea/Crea e Mútua, me sinto pronta para lutar pelas nossas profissões e pelos nossos profissionais, principalmente a parcela feminina que, acredito, em breve ocupará mais e mais espaços como esse.

JI – Muitos obstáculos para chegar a ser presidente?

Lígia Mackey – Quando me formei, há mais de três décadas, éramos apenas 15 mulheres em uma turma de 120 alunos. Fui a quinta engenheira formada da minha cidade, Rio Claro, e mesmo depois de formada, foi difícil conquistar espaço. Onde eu chegava, era questionada. Precisei ser bastante firme e persistente para conseguir trabalhar. Então é muito simbólico chegar até aqui e considero uma missão abrir caminho para que mais mulheres também cheguem a essas posições de liderança e que tenham a chance de pro mover mudanças

para que essas dificuldades não sejam mais os obstáculos das profissionais do futuro.

JI – Acredita que ainda exista preconceito em relação a mulheres engenheiras?

Lígia Mackey – É inegável que existe. Apesar de as mulheres serem maioria na sociedade, ainda somos minoria na área tecnológica e, quando falamos de cargos de gestão, mais ainda.  Por isso temos trabalhado muito com foco em mudar esse cenário. No Sistema Confea/Crea, temos o Programa Mulher, que tem como principais objetivos aumentar a presença de mulheres nas profissões, empoderar essas profissionais, capacitá-las para o mercado de trabalho e promover a igualdade entre os gêneros na área tecnológica. É um desafio e tanto, mas estamos avançando. Em 2021, quando o Programa foi criado, as mulheres eram 14% dos profissionais registrados e, agora, somos mais de 19%. O reconhecimento da capacidade técnica sem distinção do gênero é o que permite multiplicar os espaços ocupados por mulheres nos cursos, no mercado de trabalho e na sociedade. Acredito que podemos contribuir com isso compartilhando respeito e orientando sobre diversidade e inclusão. Fortalecendo o Programa Mulher, sei que chegaremos lá.

JI – Quando falamos da atuação do Crea no estado de SP, focando no poder público (municípios), quais os maiores problemas existentes?

Lígia Mackey – O nosso debate, no Crea-SP, é voltado para as diferentes formas que podemos encontrar na área tecnológica para tornar as cidades mais inteligentes, integradas e resilientes às mudanças climáticas. Cientes do nosso papel no enfrentamento dessas questões, na última gestão, dialogamos bastante com as prefeituras. Foram assinados alguns termos de cooperação técnica e protocolos de intenções para fortalecer ações de fiscalização, capacitação profissional e, principalmente, a integração entre os municípios e o Conselho. Assim, a capacidade técnica do Crea-SP pode ser mais bem aproveitada a favor da população.

Importante reforçar também o papel educativo do Crea-SP. Boa parte das nossas rança da população.

JI -Qual o poder de ação da entidade em relação a construções irregulares?

Lígia Mackey – É aqui que entra o caráter orientativo e preventivo das ações de fiscalização. Nós fiscalizamos a presença de profissionais habilitados à frente das atividades abrangidas pelo Conselho para garantir a segurança da população. Ou seja, para certificar de que existem responsáveis técnicos habilitados e registrados prontos para atuar em obras, projetos e serviços de Engenharia, Agronomia, Geociências, Design de Interiores e atividades de tecnologia. Em obras, geralmente estão envolvidos profissionais de várias especialidades da área tecnológica e é importante ter certeza que todas tenham um profissional apto para aquela função em específico, garantindo boas práticas e o cumprimento das normas técnicas. Em relação às construções irregulares, especificamente, a nossa atuação é importante para combatê-las, uma vez que notificamos os responsáveis sempre que identificamos algum problema. Isso sempre em paralelo com as prefeituras, que têm a responsabilidade de embargo dessas construções.

JI -Por fim, qual(is) a(s) maior(es) mudan-ça(s) que o Crea-SP teve e terá tendo uma mulher na sua presi-dência?

Lígia Mackey – Além da missão de abrir caminhos para mais mulheres nas profissões da área tecnológica, inclusive em cargos de liderança, vou continuar investindo em inovação para seguir fazendo do Crea-SP a plataforma de serviços completa dos profissionais da área tecnológica e uma referência no setor público.

A última gestão foi a mais inovadora da história do Conselho e pretendo continuar nesse caminho, pois os resultados já mostram que é por aí que devemos ir. São diversas as iniciativas, como o CreaLab, o Crea Inova, a rede CreaLab Coworking, os cursos híbridos do Capacita, o nosso estágio visita, que traz alunos de universidades de todo o estado para uma imersão dentro do Conselho, e ainda o Clube de Vantagens com opção de cashback e Anuidade Zero, entre muitos outros. Esses programas estão consolidados, são reconhecidos no Brasil todo e tornam o trabalho da área tecnológica mais eficiente.

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Eleições municipais e a polarização

Nacionalização do debate é um dos fatores a se levar em conta nos grandes centros.

A pouco mais de oito meses para as eleições municipais estamos presenciando a habitual movimentação de pré-candidatos escolhendo as legendas pelas quais concorrerão e costurando suas alianças. E mais uma vez, como parte da nossa trágica tradição política, essas tratativas passam longe de alinhamento em torno de programas de governo.

Sem dúvida a estrutura partidária vigente e a legislação a ela associada permitem, e até mesmo estimulam, a participação de pessoas em que a motivação principal é ter uma instituição cartorial para chamar de sua. Uma característica marcante na maioria das 29 agremiações atualmente registradas no TSE, independentemente de seu tamanho, é a fi gura do chamado “dono do partido”. Para agravar o cenário, o site da justiça eleitoral apresenta uma lista com pedidos em andamento para criação de 25 novos partidos! É óbvio que tal miríade ultrapassa, e muito, uma real representação de visões ideológicas ou programáticas presentes na sociedade.

Uma das consequências danosas é a contribuição para o crescente ceticismo da maioria da população em relação à atividade política, cada vez mais sendo percebida como uma “ação entre amigos” ou voltada à realização de negociatas. Infelizmente, forma-se um círculo vicioso cuja superação positiva está muito distante.

Apesar disso, a vida segue e em 6 de outubro iremos às unas para definir quem irá exercer mandatos, até dezembro de 2028, nas 5.570 Prefeituras e Câmaras Municipais. Quais serão os temas que mobilizarão o interesse do eleitorado brasileiro e que levarão à decisão de voto?

No livro “Biografia do abismo”, de Felipe Nunes e Thomas Trauman, os autores afirmam que a disputa eleitoral deixou de ser marcada pelo debate sobre questões como Bolsa Família ou privatização da Petrobras para se tornar uma discussão acerca do que será a política de aborto ou de armas. O voto de cada pessoa passa a ser decidido na perspectiva da garantia do que acha que deve ser o certo, da sua visão de mundo.

Essa mudança levou a uma polarização, chamada por eles de “afetiva”, com uma disputa entre dois lados mais ou menos do mesmo tamanho e muito consolidada em torno de temas comportamentais do tipo como quero criar meus filhos, onde quero estudar, que restaurantes quero frequentar, que músicas e artistas quero ver e ouvir. Nunes e Trauman acreditam que não se trata de um processo pontual, mas do começo de uma nova etapa em que as preferências políticas estão calcificadas para cerca de 90% do eleitorado brasileiro.

Com base na importante e profunda hipótese apontada no livro, muitos analistas têm considerado que esse será o cenário presente nas disputas de outubro, mas de meu lado, acho necessário relativizar tal conclusão. O primeiro passo é fazer a segmentação dos municípios pelo tamanho do eleitorado. Segundo dados de dezembro de 2023, a distribuição é a seguinte: 2.998 têm até 10 mil eleitores; 1.268 entre 10 mil e 20 mil; 824 entre 20 mil e 50 mil; 268 entre 50 mil e 100 mil; 112 entre 100 mil e 200 mil; e 100 acima de 200 mil.

Muito provavelmente a polarização estará presente nos grandes centros, em particular nas 212 cidades com mais de 100 mil eleitores, sendo natural que influencie as regiões de seu entorno. É de se esperar que candidaturas de oposição nessas regiões joguem pesado na nacionalização do debate enquanto as de situação optem por apresentar os resultados de suas gestões como razão para a continuidade.

Por outro lado, as biografias das candidaturas que se apresentarem serão também decisivas para a definição do voto. Ou seja, o eleitor pode até num primeiro momento escolher candidaturas a partir de seu lado na polarização, mas somente apoiará nomes que sejam absolutamente alinhados com esse polo. Para candidaturas não reconhecidas como parte legítima desse polo a conquista do voto terá que passar, necessariamente, por seus outros atributos.

Já no caso dos municípios de menor porte, especialmente nos 4.266 com até 20 mil eleitores, o peso da polarização tende a ser muito menor com a prevalência das características locais, da história dos candidatos e de sua relação com a população. Nesses locais a decisão do voto também é perpassada pelo alto grau de fisiologismo, onde a troca de favores é relevante no processo de escolha.

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Ideias inovadoras são apresentadas em seminário sobre violência de gênero na ALESP

A Presidente Executiva da UVESP, Silvia Melo participou na manhã desta quarta-feira (17), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, do primeiro painel de atividades do seminário “Boas práticas no enfrentamento à violência de gênero contra a mulher”. O evento apresentou ideias e debateu medidas que visam combater a violência de gênero contra a mulher na sociedade.

O evento é uma parceria da UVESP, com a Associação Paulista do Ministério Público (APMP) e o ILP – Instituto do Legislativo Paulista.

O seminário apresentou iniciativas inovadoras e de impacto no enfrentamento à violência de gênero, ampliando a conscientização pública ante a perspectiva das eleições municipais que se aproximam.

O primeiro painel, intitulado “Desafios de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher”, foi mediado por Fabíola Sucasas Negrão Covas, promotora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).