*Por Sebastião Misiara
A Uvesp e o Jornal do Interior têm insistido na importante missão do Vereador, suas funções e seu poder de fiscalização das ações da administração pública.
Nessa eleição, polarizada, vale lembrar as lições da pensadora alemã Hannah Arendt (1906-1975) segundo a qual só é possível construir alguma coisa no mundo por meio da ação em conjunto, depois de alcançado o consenso entre os cidadãos num ambiente de total liberdade de informação.
O debate dessa campanha pode ser considerado anômalo, diferente de tudo o que ocorreu até hoje. Ataques, sim. Propostas, não. Como ficam as reformas? . Sabemos que o Estado precisa diminuir de tamanho, pois as finanças públicas são insustentáveis. Como fica a produtividade dos fatores? Como ficam os serviços públicos, como saúde, segurança, educação, que estão em estado deplorável? Como fica a dívida pública que está em 88% do PIB com tendência para chegar a 100%. Como fica a livre concorrência? O mercado poderá agir livremente?
Certamente, a pergunta é. “O que tem o vereador com isso?”. O vereador é o líder original de onde surge o sinal para outros papéis e mandatos. Como nasce o vereador? O primeiro sinal é sua vocação comunitária, onde ele já mostra a veia municipalista e solidária.
O vereador é essa semente da renovação. Vereador vem de “vereda”, caminho do homem que se consagra à sua terra, com dedicação e afinco. Vem também de “Edil”, antigo magistrado romano que cuidava da conservação e proteção dos edifícios públicos da cidade de Roma.
Como celeiro da boa política, da politica que se dedica à vida real e cotidiana dos cidadãos, o vereador precisa cada vez mais buscar capacitação, reciclar, informar-se de novos modelos de desenvolvimento sócio-econômico.
Essa é a missão que a Uvesp tem. Ser interlocutor de quem sabe com o Vereador, para que ele aprenda a arte do diálogo, o respeito ao contraditório, mas, acima de tudo, lapidar-se para ser um dia – quem sabe – Presidente da República.
À sociedade, surpresa com a falta de debates claros nessa eleição em todos os níveis, cabe a responsabilidade de acompanhar o feito do seu Vereador, em sua cidade, respeitando o seu mandato, estimulando-o ao estudo e à dedicação do exercício do servir.
Só dessa forma conseguiremos conciliar o desiderato da representação democrática com a eficiência dos eleitos. E as campanhas eleitorais deixarão de ser apenas luta pelo poder.
*Sebastião Misiara
Presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo
Vice presidente do Fórum Nacional de Entidades Legislativas
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