Matéria publicada no Jornal Luso Brasileiro em Lisboa, Vidas Lá Fora
Entrevistei o professor Dr. Ives Gandra Martins da Silva, um dos mais respeitados operadores do Direito. Membro da Academia Paulista de Letras, Academia Paulista de História, Academia Brasileira de Filosofia, Academia Brasileira de Letras Jurídicas, Academia Internacional de Cultura Portuguesa e Academia Internacional de Direito e Economia. Filho de Português (para honra da Pátria-Mãe) e de nacionalidade portuguesa. Considerando o ensino de excepcional qualidade, o catedrático da Universidade do Minho, recomenda estudos em Portugal, o que facilita a integração nos países da Comunidade Européia. Autor de vários livros, o mestre Ives Gandra deixa claro que o ideal que o inspira é o da igualdade na aplicação das leis e a certeza de que, pelos seus artigos – verdadeiras lições – sonha com um futuro mais livre e melhor para as pessoas de todas as classes. Além de grande mestre do Direito, bate firme no seu coração, sua alma de poeta. “Voltarei a antigos hábitos. Voltarei a ser eu mesmo. Com as minhas circunstâncias, estas minhas circunstâncias, que nos tempos presente, são cicatrizes do tempo” (Poemas de um Tempo Esquecido”, dedicado à família e aos amigos, entre os quais me incluo.
Silvia Melo – Vários brasileiros estão em busca das escolas portuguesas e várias universidades interessadas em brasileiros. A qualidade é boa? O senhor aconselha?
Dr Ives – As Universidades portuguesas são de excepcional qualidade. Já ministrei conferências nas Universidades de Lisboa, Coimbra, Porto, sendo catedrático (Cátedra Lloyd Braga) da Universidade do Minho. Por ser filho de português, gozo também da nacionalidade portuguesa –eu e minha esposa–, descendência da qual me orgulho.
À evidência, aconselho os brasileiros que desejam fazer cursos nas Universidades portuguesas que o façam, até porque sendo uma das nações da União Europeia desde a década de 80, facilitaria, pela integração dos países da Comunidade, o aprendizado por parte dos estudantes brasileiros no que concerne a riqueza que a integração do continente tem propiciado para o desenvolvimento da região, em todos os aspectos, inclusive o educacional. A resposta, portanto, é que aconselho a procura por tais Universidades, nos cursos universitários e informo que o ensino é de excelente qualidade.
Silvia Melo – A Universidade Nova de Lisboa lançou um pré-semestre acadêmico destinado ao mercado internacional, com muita ênfase nos estudantes brasileiros. O pré-semestre garante um período de orientação e aulas de adaptação antes de começar a graduação. O Sr. acha funcional?
Dr Ives – Considero excelente a Universidade Nova de Lisboa. Fundada na década de 60, quando fui eleito representante para a América Latina da União das Comunidades Portuguesas presidida pelo Prof. Dr. Adriano Moreira, que me levou, posteriormente, para a Academia Internacional de Cultura Portuguesa, que também presidia, tem em seus quadros excelentes professores e, sem conhecer, todavia, seu programa para brasileiros, destinado ao mercado internacional, parece-me a ideia muito boa, visto que a universalização não só da economia (globalização) como de todos os aspectos da cultura humana é uma realidade irreversível. Tenho a impressão que funcionará.
Silvia Melo – Em sua opinião, qual a razão desse empenho dos portugueses, principalmente, as universidades, em levar jovens brasileiros?
Dr Ives – Temos uma cultura idêntica. Graças a Portugal, o Brasil é uma nação continental e não fragmentada como aconteceu com a América espanhola. A América portuguesa tornou-se um único país, o Brasil, com cultura, costumes, idioma próprios e até hoje muito semelhantes. Nada mais natural que este esforço seja realizado. Em 1964, em Lisboa defendi a criação de uma Comunidade Lusíada semelhante a Commonwealth dos ingleses, tese que voltei a propor no Congresso das Comunidades também em Lisboa de 1981. Por questões políticas à época, nas duas manifestações a ideia não se tornou realidade, lembrando, todavia, que, de forma embora tímida, a partir do século XXI tal união dos povos de língua portuguesa está se concretizando. Creio que nada mais natural que esta integração se faça, principalmente através da juventude, que será aquela que poderá tornar realidade um velho sonho do 1º Congresso das Comunidades Portuguesas de 64.
Jornalista Silvia Melo, com o Professor Ives Gandra autografando um de seus livros em 2015. Uma amizade de longa data.
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